Gasolina, etanol e diesel: entenda por que combustíveis não são puros no Brasil

A função do etanol na gasolina


O etanol anidro é adicionado à gasolina por dois motivos. O primeiro é reduzir o custo final na bomba, já que sua produção a partir da cana-de-açúcar é competitiva. O segundo é aumentar a octanagem, medida que indica a resistência do combustível à detonação precoce.


No passado, essa função era cumprida pelo chumbo tetraetila, um aditivo tóxico hoje proibido. O etanol substituiu o composto e atua como antidetonante de menor impacto ambiental, permitindo que o motor opere de forma mais eficiente. O álcool é usado com esta função em diversos países, mas é no Brasil onde a proporção do combustível vegetal é maior.


Esse etanol adicionado à gasolina é anidro, com menos de 0,3% de água. Esse baixo teor é essencial para evitar a separação de fases no tanque, o que poderia danificar o sistema de injeção e o motor.


A presença de água no etanol combustível


Já o etanol vendido separadamente é o hidratado. Ele resulta do processo de destilação da cana, que mantém cerca de 5% de água em sua composição. Para transformá-lo em anidro, seria necessário um refino adicional de desidratação, o que elevaria o custo.


Embora o etanol anidro tivesse rendimento energético um pouco superior, as usinas de álcool dizem que sua venda direta não é viável economicamente. Por isso, os motores flex brasileiros são calibrados para funcionar com o etanol hidratado encontrado nos postos.


Por outro lado, a indústria automotiva defende, há muito, que a venda de etanol anidro não só aumentaria o rendimento dos carros e poderia melhorar o consumo do álcool, como também evitaria possíveis defeitos. A proporção de água adicionada por vezes é relacionada a defeitos nos bicos injetores e bombas, principalmente as bombas de alta pressão usadas em carros de injeção direta.


Ainda mais grave é a mistura de metanol nos combustíveis, identificada em alta proporção, recentemente, em postos do Brasil.


A composição dos combustíveis no Brasil exige adaptações específicas nos veículos vendidos aqui. Motores de carros importados precisam ser recalibrados para rodar com a gasolina E30, que tem menor poder calorífico do que a gasolina pura usada na Europa ou nos Estados Unidos.


Nesses mercados, a mistura comum é a E85 (85% etanol e 15% gasolina). A gasolina facilita a partida a frio, já que se vaporiza com mais facilidade em baixas temperaturas. No Brasil, onde o etanol predomina, essa limitação é contornada por sistemas auxiliares, como o antigo tanquinho de partida a frio ou tecnologias modernas de pré-aquecimento dos bicos injetores.


Risco maior para o diesel


Em agosto, o diesel passou a receber 15% de biodiesel, ante os 14% que eram adicionados até então. A mudança vinha sendo discutida desde o fim de 2024. Um dos principais argumentos do governo é reduzir a dependência do petróleo e a


instabilidade de seu preço no mercado internacional.


O aumento do percentual de biodiesel preocupa especialistas. Isso porque o combustível é mais suscetível à oxidação, processo que pode gerar peróxidos e ácidos quando armazenado por longos períodos.


O diesel já possui a propriedade natural de absorver água, mas o biodiesel potencializa essa característica. Além disso, sua formulação pode conter gordura animal, o que favorece a proliferação de bactérias e aumenta a viscosidade do produto. Um diesel contaminado pode provocar falhas e danos no sistema de alimentação de veículos leves e pesados. Isso está arruinando os motores a diesel no Brasil.




  • Fonte: Quatrorodas /
  • Autor: Da Redação /
  • Data: 29 setembro 2025
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